O improviso de viver é um a obra transversal à vida, tão abrangente quanto inteira na sua profunda incursão pela poesia e por todas as coisas que a convocam. É uma deriva de ideias onde se misturam as memórias com o pensamento desafiante de uma escrita que pretende a simplicidade.
Cada poema segue o seu próprio rumo tanto naquilo que recorda, revisitando lugares e emoções, como nas palavras que dedica, trazendo para o presente anseios pressentidos ou imaginados, como ainda na tentativa de não ser uma voz passiva sobre o que acontece no mundo, sobre o que nos aflige e o que nos emociona.
*
Resgato o trémulo aceno da sede com um deserto
furtivo na boca.
Roço com deleite os lábios no chão.
Até enraizar a língua na água de qualquer nascente.
Fenda de um grito na melancolia dos lábios.
Pranto caudaloso no sangue das mães.
__________
Graça Pires nasceu na Figueira da Foz a 22 de novembro de 1946. É licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Editou o seu primeiro livro em 1990, Poemas, após ter recebido o Prémio Revelação de Poesia da APE em 1988. Depois disso, publicou mais de uma dezena de livros de poesia, muitos dos quais premiados.
Participou em várias revistas e antologias de poesia, em Portugal e no estrangeiro.
A sua mais recente obra, também publicada pela Poética Edições, Antígona passou por aqui, ficou entre as obras finalistas dos Prémios PEN 2022.
É sócia da Associação Portuguesa de Escritores e da Sociedade Portuguesa de Autores.
*
Obras de Graça Pires na Poética
Espaço livre com barcos (2014)
Uma claridade que cega (2015)
Fui quase todas as mulheres de Modigliani (2017)
A solidão é como o vento (2020)
Antígona passou por aqui (2021)
Edição: Março de 2023 | Páginas: 74 | Encadernação: capa mole | Formato: 12cmx22cm | ISBN: 978-989-9070-55-4