Romance de uma autora que coloca a oralidade de cada qual a soar a uma só voz, que capta tanto os jeitos de falar, como os de calar, e demonstra a rara capacidade de um olhar demorado, olhar de reparar e ver. De ouvir e escutar. Não só as vozes, não só os sons. Também os preconceitos de quem não entende que nós seremos sempre os estrangeiros dos outros, enquanto os outros forem os estrangeiros de nós. E os cheiros. Os da podridão dos despejos ilegais da fábrica ou os dos esgotos do «bidonville». Se a aldeia não sai do emigrante, também o passado da vassalagem em terra alheia não se diluirá. Carregam dois passados, afinal, as personagens deste livro, e hão-de entranhar-se nestas encruzilhadas, atravessadas como um cheiro.
Ana Margarida de Carvalho (do prefácio)
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Licínia Quitério (n. 1940, Mafra), foi professora, tradutora, correspondente comercial. Tem editados sete livros de poesia: Da Memória dos Sentidos, De Pé sobre o Silêncio, Poemas do Tempo Breve, Os Sítios, O Livro dos Cansaços e, já com a chancela da Poética, Memória, Silêncio e Água e Travessia. Em prosa publicou quatro livros antes da presente obra: Disco Rígido, Disco Rígido-Volume II, Os Olhos de Aura e A Metade de um Homem (os dois últimos publicados pela Poética). Conta com participações em antologias diversas e revistas literárias e colabora no Jornal de Mafra online com uma crónica quinzenal.
Edição: Setembro de 2020 | Páginas: 122 | Encadernação: capa mole com badanas | Formato: 15x23 cm | ISBN: 978-989-54899-5-4