Escrever. Resta-nos escrever. Um texto inteiro na cabeça. A cabeça a ficar cansada. As mãos, letra a letra, vão fazendo o resto. Palavra a palavra. Frase a frase. Parágrafo a parágrafo. Um trabalho quase mecânico. Até ao todo. Ao todo que nunca é tudo. Porque tudo é muito mais.
Um teclado sujo no sítio das letras mais usadas. Um teclado à prova de indignação. A raiva nunca. Porque a raiva tolhe-nos os sentidos. Um teclado a que chamo imaginação. O teclado que esquecemos depois de tudo escrito.
Ainda não passa ninguém. Só texto. Só símbolos. Só coisas de desentender.
Jorge C. Ferreira (excerto da Crónica Primeira)
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Jorge C. Ferreira (n. 1949, Lisboa) aprendeu a ler com o Diário de Notícias antes mesmo de ir para a escola. Fez o Curso Comercial na velhinha Veiga Beirão e ingressou na vida activa com apenas 15 anos. Habituado às palavras, desde cedo escolheu um canto do sótão para praticar a escrita. Foi bancário durante 36 anos. Habituado às palavras, desde cedo escolheu um canto do sótão para praticar a escrita. Tem frequentado oficinas de poesia e cursos de escrita criativa. Publica, desde 2014, uma crónica semanal no Jornal de Mafra. Em 2019 publicou com a chancela da Poética a obra A volta à vida à volta do mundo, obra que reúne os textos escritos ao longo da sua viagem de mais de 3 meses à volta do mundo. Tem ainda publicados dois títulos de poesia, também com a chancela da Poética, Desaguo numa imensa sombra (2020) e 60 poemas [mais um] (2022). Como poeta, participou nas antologias À Sombra do Silêncio/ À L'Ombre du Silence; Poetas do Reencontro; e Ser Mulher IV. A sua poesia está também presente nas antologias A norte do futuro. Homenagem poética a Paul Celan no centenário do seu nasci-mento (2020), Sou tu quando sou eu. Homenagem à amizade (2021) e Água, silêncio e sede. Homenagem a Maria Judite de Carvalho (2021), todas editadas pela Poética.
Edição: dezembro de 2022 | Páginas: 252 | Encadernação: capa mole com badanas | Formato: 15cmx23cm | ISBN: 978-989-9070-42-4