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Num mundo que aparenta estar próximo do abismo, somos confrontados, diariamente, com notícias sobre a guerra, violência, misoginia, homofobia, homicídio, racismo, xenofobia, fome… em pleno século XXI continuamos a ter os mesmos problemas de sempre, e é essa a reflexão que Josefa de Maltezinho faz «pela lente do repórter». E começa imediatamente na página 11 quando questiona o leitor, ou o mundo: «que coisa é o coração humano?», como se o coração humano fosse filho de nada, ou melhor, fosse um bastardo do nada. E prossegue na página seguinte quando afirma que «Eu sempre soube que dar o peito à morte a jusante/ e sair dela pelo próprio pé…» é como se fosse um rumor entre a luz e a noite, um veículo orgânico, o pé, ou melhor, os pés, que têm a função de percorrer o caminho, mesmo que essa vereda só tenha silêncio e morte, a anunciada «morte a jusante», onde não há espaço para as aves, para os barcos, para as árvores, para o mar… (...)
Luís Aguiar
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Ei-la, a vida,
uma espécie de catecismo das coisas pulsantes,
talvez o último flash da máquina fotográfica,
a foz em contramão
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Josefa de Maltezinho, pseudónimo de Julieta Aleluia, nasceu no Porto. Com dois anos de idade veio viver para Aveiro, cidade onde permanece até hoje. Professora do Ensino Básico com formação na Universidade de Aveiro, dedicou grande parte da sua vida ao ensino, pelo que só em 2007 resolveu reunir e ampliar todo o trabalho de poesia e prosa feito desde a adolescência até aos dias de então. Amante da leitura e da escrita, foi na extensa biblioteca da família que deu início, em tenra idade, a este namoro apaixonado com os livros e os escritores. Em 2013 publicou o seu primeiro livro de poesia, “Água Corrente”, ao que se seguiu, em 2016, numa estreia como romancista, a obra “Maçã Com Bicho”. Num retorno à poesia surge em 2017, “Porque Um Rio Também Se Cansa” e, em 2018, em Espanha, numa edição bilingue, “Otoño De Visita”. Continuando com a poesia, edita “Uma Garfada De Sol No Umbigo”, em 2021, em 2022 “Fracturas Expostas” e em 2024 “Solidão Assistida ou A Brutalidade Do Quotidiano”. Pelo meio, conta com muitas participações em Antologias de poesia e prosa poética portuguesas e brasileiras.
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Edição: abril de 2025 | Foto de abertura: VH | Páginas: 58 | Encadernação: capa mole | Formato: 12cmx22cm | ISBN: 978-989-9241-11-4