A Moderna Poesia Portuguesa, representada nos poemas aqui transcritos, é de uma densidade e elevação consideráveis, de um rigor poético, de uma atenção incessante ao real, por vezes interrogando-o, como diz Ramos Rosa num dos seus livros de ensaios. É uma poesia que toca o cerne das coisas, que se constrói na liberdade e no trabalho sobre a linguagem que se torna uma nova ponte para o real. Nessa relação ou religação, sem qualquer compromisso com qualquer forma de espiritualidade – ela é “Liberdade livre” (António Ramos Rosa), surgem pontos luminosos que se acendem espontaneamente, que têm que ver com o lado espiritual do ser humano.
Maria Teresa Dias Furtado
Maria Teresa Dias Furtado é Professora Associada da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Concluiu a Licenciatura em Filologia Germânica com uma tese sobre Paul Celan e doutorou-se em Literatura Alemã com uma dissertação sobre Hölderlin. Leccionou na mesma Faculdade Literatura Alemã e Tradução Literária do Alemão. Tem publicado artigos da sua especialidade, bem como sobre Poesia Portuguesa Contemporânea. Deu à estampa várias traduções de Friedrich Hölderlin: Elegias, Tradução e Prefácio. 2ª Edição, Assírio & Alvim, 2000; Hipérion ou o Eremita da Grécia. Tradução e Prefácio. Romance epistolar, Assírio & Alvim, 1997; Hinos Tardios, Tradução e Prefácio, Assírio & Alvim, 2000; A Morte de Empédocles, Tradução e Prefácio, (tragédia em três versões, das quais a primeira teve estreia absoluta no Teatro da Cornucópia com encenação de Luís Miguel Cintra, em Março de 2001), Relógio D’Água, 2001 e Poemas da Torre, Poética Edições, 2021.
Publicou igualmente várias traduções de Rainer Maria Rilke: As Elegias de Duíno, Tradução e Prefácio. 3ª Edição, Assírio & Alvim, 2020; As Anotações de Malte Laurids Brigge, Tradução e Prefácio, Relógio D’Água, 2003; O Livro de Horas, Tradução e Prefácio. 2ª Edição, Lisboa, Assírio & Alvim, 2020; Poemas e Canções, Selecção, Tradução e Prefácio. Poética Edições, 2020; Novos Poemas, Assírio & Alvim, 2023 e Os Sonetos a Orfeu seguidos de Poemas à Noite, Assírio & Alvim, 2023.
É também sua a tradução da obra poética completa de Paul Celan: “Os Poemas”, Assírio & Alvim, 2022.
Enquanto autora, publicou em 2002 um diálogo poético com António Ramos Rosa, O Alvor do Mundo; em 2007 a colectânea de poesia Livro de Ritmos; em 2012 o livro de poemas O Arco do Tempo; em 2014, o livro de poemas ilustrado por José Assis, Idades. Para uma Antropologia Poética; no mesmo ano, No Rendilhado da Espuma. Cantares Mouriscos, Os Meninos sem medo e o morcego (conto para crianças) (capa de José Assis) e Livro de Rostos (poesia, capa de José Assis). Em 2016 publicou Neste Sopro que me tece (Poéticas da Pintura, em diálogo com a Exposição “Sacrifício e Seda”, da pintora Ana de Sousa); ainda com esta última, publicou o livro para crianças Na Floresta com a Victória, em 2018, bem como Demanda do Poético no Retábulo da Igreja Matriz de Freixo de Espada à Cinta, (Poesia), com Prefácio de Vítor Serrão e Posfácio de Jorge Duarte. Em 2019 publicou a sua primeira obra na Poética Edições, Onde o Poeta Mora, e, no mesmo ano, Onde o Poeta Mora seguido de Tradução do Silêncio, numa dupla homenagem ao poeta Daniel Faria. Seguem-se, em 2020, o ensaio A Arte do Silêncio à luz de Daniel Faria, Paul Celan e Hölderlin e a organização de uma Homenagem Poética a Paul Celan no centenário do seu nascimento, A Norte do Futuro, com a colaboração de cinquenta e três poetas de língua portuguesa; em 2021 o ensaio Do espiritual na moderna poesia portuguesa e a organização da antologia poética de homenagem à amizade Sou tu quando sou eu e, em 2022, o livro de poesia Ofício da água, mais uma vez inspirado na poesia de Daniel Faria.
Edição: Janeiro de 2021 | ISBN: 978-989-53005-3-2 encadernação: capa mole com badanas | 74 páginas