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A nossa casa não é uma casa,
é o amor em regurgitação
a deslaçar o silêncio das palavras.
no nosso lar sem cozinha atamos o beijo ao peito,
inflamamos o palato em chama púrpura,
libertamos as águas subterrâneas
que caldeiam a fruição da terra.
o vapor da nossa casa solta o húmus,
gera os alimentos,
as frutas e os cereais,
os legumes e os animais.
deglutimo-los com a concavidade faminta das bocas.
p. 51 (excerto)
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Filipe Fonseca e Castro nasceu em Guimarães a 3 de maio de 1973. Viveu a sua infância entre o esplendor do campo e da cidade. Aos catorze anos caiu na tentação dos versos. Nessa altura, a complexidade da condição humana não era a primeira ou última razão de ser da sua poética. Licenciou-se em sociologia pela Universidade do Minho; fez um mestrado em inovação e empreendedorismo na Universidade do Porto. É pai, filho, amigo, companheiro, leitor, escritor, colega, gestor, consumidor, cidadão e viajante, e gosta dos seus diferentes papéis. Gosta de longas caminhadas e de andar de bicicleta. Também se dedica ao teatro e à música: tocou guitarra clássica, faz canto coral. O seu percurso como escritor está ligado às ciências sociais. Faz edição e direção de publicações (revistas, estudos e livros), uma parte deles ligados à academia. Vive em Vila Nova de Gaia e estreia-se na poesia com a presente obra.
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Edição: Maio de 2023 | Páginas: 84 | Encadernação: capa mole | Formato: 12cmx22cm | ISBN: 978-989-9070-62-2