EM PRÉ-VENDA ATÉ 19 DE SETEMBRO
________ *ENVIOS A PARTIR DE 22 DE SETEMBRO
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Os personagens que atravessam este livro são errantes convictos, marcados pelo excesso e pela simulação. Vivem entre o desejo e o impulso, mas ainda têm aspirações profundas e emitem sinais de uma espiritualidade abandonada.
Um grupo de amigos presos num bar que se afunda. Um melancólico dividido entre o amor e um sentimento de rivalidade. Dois amantes decididos a perder todo o pudor. Um fabulador de meia-idade seduzido por uma mulher mais jovem que o ignora. Um casal que escapa a um atentado, mas não à ausência de informação. Uma mulher que revela a sua intimidade a um estranho e que o confronta com a natureza da vida e da arte. Um jornalista bloqueado. Um escritor fracassado apaixonado por uma prostituta virtual. Um poeta sem amor-próprio. Um par de fetichistas sofisticados. Um artista plástico que sofre um surto psicótico em pleno processo de enamoramento.
São figuras dispersas, mas unidas pela mesma busca cega de sentido e realidade. A devoção que os move também os trai. Ainda assim, cada um guarda, à sua maneira, uma réstia de esperança, um sentido de penitência, uma noção de ritual – e uma forma secreta de celebração.
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"Aproximou-se com passos deliberadamente lentos. Parecia uma leoa, dominando do alto da sua juventude faminta todo o acampamento. Avançou com uma luz imensa e difusa por detrás, um rasto de desprezo, pé ante pé. O olhar neutro, mas vinculativo, o cabelo a pingar por todas as suas curvas e arestas. E disse:
– Boa noite, senhor Magalhães. Agradeço-lhe imenso. Desculpe o incómodo.
E depois pegou no telemóvel e virou-me as costas, demasiado ocupada a sucumbir à tentação de ver de quem eram as chamadas perdidas, as mensagens por ler.
Instantes depois, dei por mim a correr em direcção a ela, passos rápidos, de foragido ou fora-da-lei, a gritar:
– Rita! Rita! Rita!
Até que ela se deteve. Quando finalmente se virou para mim, pude ver as suas mamas mexerem em câmara lenta. Os bicos ainda arrepiados pelo fervor da água que escorria debaixo do fato de banho amarelo. Estava a menos de um metro dela outra vez."
(excerto)
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André Domingues é licenciado em Ciências da Comunicação e mestre em Literatura e Cultura Comparadas, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Escreve contos, poesia, ensaios e crónicas. É locutor, tradutor e copywriter. Tem publicadas as obras Dramas de Companhia (ficção breve, Companhia das Ilhas, 2016); Tempestade das Mãos, (poesia, Debout sur l’Oeuf, 2017) e Rapina (poesia, Douda Correria, 2020). Traduziu do espanhol a obra 17 000, de Raquel Lanseros (Editora Labirinto, 2018). Tem contos publicados na antologia A Criança Eterna, (Centro Mário Cláudio, 2017), e nas revistas Dobra e Luvina - Revista Literaria de la Universidad de Guadalajara. Em 2023 publicou o livro de crónicas Porto ou a Insurreição do Olhar (Editora Labirinto).
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Edição: Setembro de 2025 | Páginas: 190 | Encadernação: capa mole com badanas | Formato: 12cmx22cm | ISBN: 978-989-9241-26-8