Poder-se-á dizer que, neste momento, em que a política é mais uma conquista e manutenção do poder, de tipo maquiavélico, em defesa dos inconfessados interesses privados ou de um capitalismo escondido e sem preocupações sociais, do que uma acção de cidadania em luta pela comunidade, nos faltam personalidades como Raul Rego. Os intelectuais desistiram de lutar perante o pragmatismo dos políticos de obediência partidária e a poderes financeiros. Perderam muitas vezes a consciência social e deixaram-se guiar apenas pelo institucionalismo que nos rodeia. Precisávamos, pois, de muitos homens como Raul Rego.
Celebrar o 25 de Abril é, pois, abrir as portas à consciência crítica e à esperança. Por isso, recordar personalidades como Raul Rego é cantar outra vez os cânticos de Liberdade, de Igualdade e de Fraternidade. Com realismo e não como uma mera ladainha de populismo e de espectáculo, que caracteriza estes tempos sombrios.
Luís Reis Torgal
(Excerto do Prefácio)
Sobre a Autora:
Natália Neves dos Santos nasceu em Barbeita, Viseu, em 1981. Licenciou-se em História na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em 2003. Nesse mesmo ano e na mesma instituição, iniciou o mestrado em História Contemporânea. Concluiu-o em Dezembro de 2007, sob orientação do Professor Doutor Luís Reis Torgal, com a apresentação da dissertação, agora publicada, Raúl Rêgo - O Jornalista e o Político, tendo obtido a nota máxima, atribuída em unanimidade pelo júri. Realizou outros trabalhos académicos de investigação (todos inéditos), tais como: Catarina Eufémia: (Des) Montagem de um Mito; Controlo Partidário e Saneamentos Políticos na Imprensa: o Caso do Diário de Notícias; e Seara Nova. Uma Visão da Nação Portuguesa (1921-1930). Ainda sob orientação do Professor Doutor Luís Reis Torgal, integrou a Comissão Científica encarregada da organização, entretanto interrompida, do Museu da República Arlindo Vicente, de Aveiro. Presentemente, exerce actividade como formadora.