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esta é uma escrita que não se concede ao sossego nem se conforma ao normalizado. vai por aí afora de machados acerados de rosas ternas de recados áridos de apelos mortais de vozes amplas que só não ouve quem não sabe o segredo de uma vida sem medo mesmo que o medo more ao lado. e mora.
o tempo aqui é um colapso às vezes camiliano outras queirosiano como se a alma do autor fosse um espólio de fogo e o partido que toma é o partido psíquico sem concessões nem espartilhos partilhando com todos os demónios as asas ferinas que se podem por vezes aproximar dos anjos.
os pequenos contos são os grandes contos da sua viagem. que me parece a mim (a tal que não é especialista de nada e só legente) uma voz de escárnio e bem dizer da nossa tão escassa vida como se à eternidade o Luís fosse buscar o presente.
livro que nos dimensiona pela fragilidade que se transfigura e nos ataca a possível passividade. um murro e um alerta . a mutação impressionável da palavra feita coro de uma chave quase trágica.
(…)»
Isabel Mendes Ferreira (excerto do prefácio)
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Luís Filipe Miranda nasceu em Nova Lisboa, Huambo, Angola, em 1962, mas é açoriano por opção e bel-prazer. Licenciado em História e Ciências Sociais (diz que as habilitações académicas devem constar sempre do resumo biográfico), é professor, cronista intermitente, observador de mãos e dedos e unhas, inconformado, alérgico a arrivistas — de que grau e natureza forem — e avesso ao carácter invertebrado. Nos últimos tempos, tem vivido por aí, onde a telha ou o coração sugerem. Abomina a hipocrisia, — a que chama o oitavo pecado capital, — e não sabe lidar com a mediocridade ou a ignorância voluntárias. Gosta de ler e aprender, de conversar e debater, do Caetano Veloso e do David Bowie, e de pessoas amáveis, no sentido radical da palavra. Para além disso, escreve coisas — como este livro, por exemplo.
Edição: outubro de 2017 | Páginas: 268 | Encadernação: capa mole com badanas | ISBN: 978-989-99978-0-6 | Dimensões: 15cmx23cm